O poder da inércia
“Para fazer o bem é sempre necessária a ação da vontade, mas para fazer o mal, bastam , frequentemente, a inércia e a negligência”
(ESE, ítem 10, cap. XV – Fora da caridade não há salvação).
Esta frase do Evangelho Segundo o Espiritismo, numa mensagem de Paulo, 1860, expressa uma verdade, senão chocante, para sermos realistas.
Muitas vezes, nos analisando, achamos que não cometemos nenhuma maldade, porque a nossa vontade não nos levou a isso. Como nunca quis fazer uma maldade, acho que não fiz nenhuma.
Afinal, a vontade é a mola mestra das nossas ações. Mas será mesmo?
O Evangelho é claríssimo, nesta comunicação. Para agirmos precisamos, efetivamente da vontade, tanto para fazer o mal, quanto para fazermos o bem.
Mas no caso do mal, diz Paulo, a inércia e a negligência, podem gerar um mal, que não desejamos.
Como é possível isso? Vejamos. Assistimos na rua uma cena cruel: uma pessoa maltratando um cão. Se apenas ficarmos a observar, não agindo, o cão poderá ser ferido. Bastaria, talvez, uma advertência nossa, para salvá-lo do agressor. E nós, por negligência ou pressa ou qualquer outro fútil motivo, ficamos na inércia, sem agir, gerando um sofrimento para o pobre cão.
Este é um exemplo banal, mas pode acontecer, por exemplo, com uma vizinha ou uma amiga, que está a ponto de ser assassinada pelo marido cruel e violento; nós nos omitimos, usando a sabedoria popular “em briga de marido e mulher não se põe a colher!”. Cômoda situação para nós, eles que se entendam, até que o caso acaba em uma agressão física grave ou até um assassinato. Aconteceu um mal, por nossa inércia ou negligência, e poderíamos tê-lo evitado. Fomos pois, coniventes com o agressor da esposa.
Quando sabemos que tal ou qual candidato é corrupto, mas por inércia ou negligência, votamos nele e depois o vemos usar largamente a corrupção, fomos coniventes com ele. Não cometemos uma corrupção, um roubo, uma agressão, mas sabendo dela, nada fizemos para impedi-la. O mal aconteceu , não porque quiséssemos o mal, mas porque nada fizemos para impedi-lo.
Deu para se perceber a gravidade que é a inércia, diante do mal? A partir daí, vamos ser ativos no bem , mas igualmente ativos para evitar um mal, se pudermos, com toda a nossa vontade e força.
Concordam?
Abraços! Dorothy.
