Deus está morto

24/02/2017 22:36

Antes de estudar um pouco sobre Nietzsche, eu esbarrava nesta frase dele e como cristã, que me considero, ficava sempre tão chocada, que não me aventurava a conhecê-lo.

Depois, com a maturidade (bendita maturidade), a incursão a temas polêmicos dava-me prazer e foi então que decidi por este filósofo alemão (1844-1900). Sentia necessidade de conhecê-lo melhor. E fui, de surpresa em surpresa, entendendo um pouquinho desta pessoa tão sofrida, que ele foi.

Ele amava a vida e amava o amor. Por isso só, ele já poderia ser definido como um cristão, pelo menos para mim. Mas ele criticava a Igreja Católica, porque achava que a ideia de ser cristão era totalmente errada: tudo era pecado e afastava o crente da alegria da vida, pois vivia sob o guante de ser afastado de Deus, por algum pecadilho. Além disso, o cristão fingia que amava, por interesse, para ir para o céu, não porque acreditasse na força do amor para melhorar o mundo.

Assim ousou fazer esta afirmação, que sempre causou celeuma, no meio religioso e intelectual da época em que viveu, porque partiu do princípio de que, se este Deus injusto, parcial, egoísta estivesse morto, o homem seria livre para amar, ser feliz, procurar a paz de espírito.  Conhecendo-se e amando-se, seria capaz de amar a todos e o mundo seria muito melhor.

 Ele sonhava com o homem perfeito, moralmente, e Hitler, desvirtuando seu pensamento, dizia-se fundamentado nele para criar o homem  etnicamente perfeito: a raça ariana.

Ao contrário de Marx, que pregava a mudança da sociedade, pela revolução, ele pregava esta mesma mudança, como trabalho individual de cada um.

Depois de entender o porquê de seu “Deus está morto”, eu que sou espírita e vejo nele muitas ideias que se aproximam muito da Doutrina Espírita, eu o absolvi.

 Podem dizer-me que é muita pretensão minha absolvê-lo, quem sou eu? Mas eu me explico: como disse no início, eu fugia de estudá-lo, condenando-o como um ateu e niilista apenas. Depois que aprendi um pouco dele, vi o meu erro e passei a amar e respeitar este filósofo, compadecendo-me de seu sofrimento.

 E aprendi também uma lição maravilhosa: nunca condene nada antes de conhecer bem o que ou quem está condenando.

 

Abraço.